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Tuesday, March 19, 2013

Não uso sapato



*só porque eu queria um título com uma música do Charlie Brown. Mentira.*
Nunca fui dada a poesias. Sempre achei que quem escreve poema não escreve para si, escreve para os outros, afinal, aqueles que leem poesia e se acham entendidos acabam, na grande maioria das vezes, achando significados ocultos, identificações que talvez o poeta nunca tenha imaginado. Qual o problema com isso? Nenhum. Mas o caso é que nunca consegui gostar de poesia. Pronto falei. Os cults os amantes da literatura nobre e da riqueza de palavras simétricas que me perdoem, mas é isso. Não gosto de poesia. A menos que venha com notas musicais no combo. Mas ai é diferente. Ai é música. E música é assunto pra outro post, quem sabe.
Por muito tempo, achei que minha aversão completa e disfarçada à poesia fosse fruto de uma inveja velada, por também não conseguir poetizar meus pensamentos. Mas hoje, uma amiga querida, brincou e me disse que eu tinha alma de poesia. Fiquei em choque. Ora! Que diabos é uma alma de poesia? É uma alma incompreensível? Não sei. Não perguntei, não quis dar a bandeira de que não curtia versos. Ainda não tinha resolvido sair do armário dos “não fruidores”. Eu juro que tentei. Da poesia clássica a moderna, dos conhecidos, aos desconhecidos. Eu tentei. Até resgatei um combo de poemas que meu primeiro namorado me deu. Nenhuma poesia tinha sido escrita para mim. Vai ver foi isso. Um trauma. Mas o caso é que eu tentei. Li de tudo. Li Drummond, li Leminsk, li Pessoa. Li todos eles, mas alguns só me convenciam em uma ou outra frase de efeito, lida claro, fora do contexto. E me perguntou. Sou alguém pior por isso? Não gostar de poesia atesta minha insensibilidade? Verdade que para ser um escritor famoso você tem que gostar de poesia? Não que eu queira me tornar uma escritora famosa. Mentira, eu quero. Era segredo, mas agora eu admito. Dou detalhes em outro post também. Mas o caso é: porque diabos nenhum poema me toca? Porque acho rimas chatas? Porque acho uma viagem ler uma coisa que não faz o menor sentido e tentar explicar dando um sentido menor ainda. E porque, ai Deus, porque, os poetas não explicam seus poemas nas notas de rodapé? Ok, essa ultima questão vai gerar críticas e talvez eu seja chamada de burra.  Não sei fazer poesia, e adoraria descobrir que diabos é uma alma de poesia. 
"Eu não sei fazer poesia, 
mas que se foda".

2 comments:

Iulo Almeida said...

hahaha Dividimos a mesma alma: a de não gostar de poesia

Lost Samurai said...

Gosto muito de você, mesmo você não gostando de versos. Acredito que agora que você resolveu sair desse armário, deve indagar a autora de sua dúvida, com a objetividade de sua prosa, o que viria a ser a tal "alma de poesia".

"Ao terminar este sentido poema
Onde vazei a minha dor suprema
Tenho os olhos em lágrimas imersos...
Rola-me na cabeça o cérebro oco.
Por ventura, meu Deus, estarei louco?!
Daqui por diante não farei mais versos." Augusto dos Anjos