Nunca fui dada a poesias. Sempre
achei que quem escreve poema não escreve para si, escreve para os outros,
afinal, aqueles que leem poesia e se acham entendidos acabam, na grande maioria
das vezes, achando significados ocultos, identificações que talvez o poeta
nunca tenha imaginado. Qual o problema com isso? Nenhum. Mas o caso é que nunca
consegui gostar de poesia. Pronto falei. Os cults os amantes da literatura
nobre e da riqueza de palavras simétricas que me perdoem, mas é isso. Não gosto
de poesia. A menos que venha com notas musicais no combo. Mas ai é diferente.
Ai é música. E música é assunto pra outro post, quem sabe.
Por muito tempo, achei que minha
aversão completa e disfarçada à poesia fosse fruto de uma inveja velada, por
também não conseguir poetizar meus pensamentos. Mas hoje, uma amiga querida,
brincou e me disse que eu tinha alma de poesia. Fiquei em choque. Ora! Que
diabos é uma alma de poesia? É uma alma incompreensível? Não sei. Não
perguntei, não quis dar a bandeira de que não curtia versos. Ainda não tinha
resolvido sair do armário dos “não fruidores”. Eu juro que tentei. Da poesia
clássica a moderna, dos conhecidos, aos desconhecidos. Eu tentei. Até resgatei
um combo de poemas que meu primeiro namorado me deu. Nenhuma poesia tinha sido
escrita para mim. Vai ver foi isso. Um trauma. Mas o caso é que eu tentei. Li
de tudo. Li Drummond, li Leminsk, li Pessoa. Li todos eles, mas alguns só me
convenciam em uma ou outra frase de efeito, lida claro, fora do contexto. E me
perguntou. Sou alguém pior por isso? Não gostar de poesia atesta minha
insensibilidade? Verdade que para ser um escritor famoso você tem que gostar de
poesia? Não que eu queira me tornar uma escritora famosa. Mentira, eu quero.
Era segredo, mas agora eu admito. Dou detalhes em outro post também. Mas o caso
é: porque diabos nenhum poema me toca? Porque acho rimas chatas? Porque acho
uma viagem ler uma coisa que não faz o menor sentido e tentar explicar dando um
sentido menor ainda. E porque, ai Deus, porque, os poetas não explicam seus
poemas nas notas de rodapé? Ok, essa ultima questão vai gerar críticas e talvez
eu seja chamada de burra. Não sei fazer
poesia, e adoraria descobrir que diabos é uma alma de poesia.
"Eu não sei fazer poesia,
mas que se foda".
2 comments:
hahaha Dividimos a mesma alma: a de não gostar de poesia
Gosto muito de você, mesmo você não gostando de versos. Acredito que agora que você resolveu sair desse armário, deve indagar a autora de sua dúvida, com a objetividade de sua prosa, o que viria a ser a tal "alma de poesia".
"Ao terminar este sentido poema
Onde vazei a minha dor suprema
Tenho os olhos em lágrimas imersos...
Rola-me na cabeça o cérebro oco.
Por ventura, meu Deus, estarei louco?!
Daqui por diante não farei mais versos." Augusto dos Anjos
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