Há quem diga que dor cotovelo só se cura com outra paixão. Aos 24
anos e um curriculum de 6 namoros falidos consegui, pela primeira vez, curar a
minha sozinha. Digo, por um bom tempo, ainda que acompanhada, carreguei uma dor
de cotovelo sozinha. Vi aquilo que era pra ser o grande amor da minha vida ruir
e por muitas vezes pensei que não ia saber o que fazer quando não restasse mais
nenhum tijolo daquela construção. Qual não foi a minha surpresa quando me vi
chutando os escombros e construindo nova casa de taipa para abrigar meu
coração. Assim, sozinha, nessa metáfora da construção civil. Isso mesmo.
Sozinha, com o coração vazio e o apoio dos melhores amigos que alguém pode ter
na vida, me levantei, fui curando uma dor esquisita que parecia que não ia
passar nunca.
Em pequenos goles de solidão fui
me encontrando, promovendo em mim mesma as pequenas mudanças que sempre quis e
soube serem necessárias. Precisei de muita paquera no Mar Aberto ao som da Via
de Acesso pra entender que eu era sim, bem jeitosinha. Precisei de muito sol
quente e lama pela APA pra ver que tem gente com muito mais problemas que o
meu. Assisti bem de perto minha própria
transformação de aprendiz em profissional respeitada. Me vi sair sozinha pra
onde quer que eu fosse, porque afinal, eu tenho jogo de cintura e carisma
suficiente pra criar novos laços de amizade e afeto. Fui acusada de frieza umas cinco vezes por
simplesmente não querer me envolver enquanto não me sentisse pronta pra isso.
Provavelmente perdi a chance de ter algumas noites inusitadas por não ter
paciência com quem era só bonitinho.
Aprendi a dar chave de perna no jiu jitsu. Dei de cara com o passado e
lavei a alma de tranquiliade ao perceber que um dia poderemos, quem sabe, ser
amigos. Um dia quem sabe. Precisei de duas tardes de meditação pra chegar a
conclusão que estava vazia, assustadoramente vazia. E mais um mês pra notar que
meu vazio se transformara num amadurecimento e segurança capazes de me fazer
conseguir sentir frio na barriga de novo.
Curei minha dor de cotovelo na
marra, sozinha, sem precisar colocar ninguém no lugar. Sem precisar de um
amorzinho novo nas noites de sábado e manhãs de domingo. Sem precisar de
telefonemas no final do dia e na hora do almoço. E entre um porre e uma ressaca
eu percebi que novas paixões são mais interessantes quando o cotovelo já parou
de doer. E entre uma estrada e outra eu
entendi: estou pronta pra próxima.
"Tô bem de baixo prá poder subir
Tô bem de cima prá poder cair
Tô dividindo prá poder sobrar
Desperdiçando prá poder faltar
Devagarinho prá poder caber
Bem de leve prá não perdoar
Tô estudando prá saber ignorar
Eu tô aqui comendo para vomitar"
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