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Monday, November 26, 2012

Teatro dos Vampiros

Vontade de falar, marcha das vadias e nostalgia.

Sim, e dai que eu ando tanto quanto estranha ultimamente? A medida em que o tempo vai passando e o ano vai se despedindo ( eu sei que essa expressão é brega), ponho-me a ficar nostálgica e com vontade de expulsar dragões que parecem querer comer meu fígado e estômago. A onda é que tenho visto muita coisa que me irrita mas aquela Erika impulsiva e confusenta morreu de acidente doméstico dia desses. Me sinto comedida. Mas isso, ao contrário do que sempre pensei, tem me feito mal. Tem me dado uma espécie de tumor na garganta que sinto que precisarei ou de uma traqueostomia a qualquer momento. Talvez o momento seja agora. Sejam muito bem vindos a um texto longo sobre qualquer coisa que vier na minha mente a partir de ago123já!

Sobre a questão da marcha das vadias: A onda é que apesar de não ter ido marchar no último sábado, e obviamente ter feito resenha com alguns amigos que foram e se acabaram no axé e no discurso político, eu acho a causa nobre. Apoio o movimento, acho inclusive que se metade da galera que anda se queixando da vida e tirando a roupa em frente à esplanada usasse um pouquinho da criatividade e da organização da galera que organizou a marcha aqui de Itabuna, talvez os protestos ganhassem mais minha simpatia e simpatia de boa parte de pessoas com um pouquinho de discernimento. Ah, sim. Porque vamos combinar, tenho lido por ai uns comentários, obviamente daqueles que costumo chamar carinhosamente de "pseudos", sobre esse movimento, mais especificamente sobre a nomenclatura do mesmo. "Oh meu deus, é um termo absurdo", "Vadia é quem se oferece para os homens", "Sei o poder de uma roupa justa". E o que eu tenho a dizer sobre isso? "Ah, meu frasco!" Um monte de falso moralista, que vive constantemente o machismo, internalizando-o inclusive, vem falar de uma ruma de mulher de verdade, que se assume enquanto tal, que tem cultura suficiente para ir além do dicionário convencional e que através de uma ação conjunta chama atenção de uma sociedade bagunçada para um problema visceral da mesma. Faz-me rir. Alou? A marcha das vadias poderia se chamar "Marcha das amigues da Penha", "Marcha das Marias" ( como vi sugerido num desses blogs de pseudos", "Marcha das mocinhas do colegial de 1978" e ainda assim, AINDA ASSIM, ela seria discriminada por vocês, pessoas da mente fechada, que acham que se uma mulher veste uma roupa colada ou curta ou transparente, ou algo que o valha merece mesmo ser estuprada. Ou pra você, queridinho, que acha que uma mulher que apanha diariamente do marido e não sai de casa por medo, insegurança ou falta de recursos merece mesmo apanhar. Ou por você criaturinha fofa que afirma veementemente que mulher tem que ser mãe, ou tem que saber cozinhar. Poderia passar o dia dando exemplos aqui, mas tô sem saco e ainda tenho muito mais do que reclamar neste texto. Em resumo: queridos e queridas, se os senhores acham ofensivo o termo Marcha das Vadias, enfiem a ofensa no ouvido. Porque eu sinto muito avisar, mulheres (e homens) inteligentes, estudantes, advogados, médicos, filósofos, comerciantes, poetas, músicos, engenheiros e mais uma vez: INTELIGENTES, não dão a mínima pros pudores dos senhores. Eles vão continuar fazendo barulho. Não para que vocês se conscientizem. Não, não. Mas por eles. Porque para além do moralismo e dos deveres cívicos e dos bons costumes, essa galera, que acorda às 7 da manhã do sábado para ir às ruas no sol quente reclamar sobre preconceito e violência, está fazendo isso por eles mesmos. Pela sociedade em que esperam conviver. E que bom, que bom que eu faço parte dessa sociedade. 

Poderia reclamar de mais meia dúzia de coisas, mas a marcha das vadias roubou meu tempo. Em meio à lua cheia, um tanto de dor de cabeça e chateação com as injustiças da vida, sobra-me mesmo é vontade. Vontade de tanta coisa, que nem sei. Era pra ser um texto sobre um bilhão de coisas, mas parece-me que o meu filtro não quer mesmo parar de funcionar. Em quem diabos eu me tornei?
Sim, digo isso, porque me lembro bem do começo desse blog, quando constatemente eu derramava em palavras o que estava sentindo, deixando rastros de minha vida pela internet. O caso é que agora, eu tenho mil coisas pra dizer e simplesmente elas não saem. Meus dedos não permitem, nesse teclado, dizer em metáforas, como de costume, se estou chateada, porque estou chateada. Talvez eu tenha amadurecido, talvez eu tenha perdido o jeito, talvez eu só esteja ainda naquela fase do trauma vivido por conta de ter sempre expressado meus sentimentos e ter sido taxada por causa disso. Mas venho pensando... Pra que vai me servir esse blog se eu já não consigo ser eu mesma aqui. Ou se já não mais me reconheço... 

"Já entregamos o alvo e a artilharia"

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