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Monday, January 23, 2012

Eu sou nua

Sobre quem eu era, quem eu quero ser e principalmente, sobre quem eu sou.
Uma criança loira, com caichos nos cabelos, um monte de gordura nas coxas e na barriga. Uma criança chorona, mimada, amada. Uma criança medrosa. Medo de galinha, de cachorro, de ficar sozinha. Medo do Guiodai. Uma criança esquisita. Ler gibis, brincar de barbies, gostar mais de adultos que de crianças, falar sozinha, querer ser atriz. Uma criança que queria ser escritora.
Uma pré adolescente magra. Magrela, magrela. Canelas finas, pé enorme,medo de não achar sapatos tamanho 44 nas lojas. Uma melhor amiga, um monte de gente que não gostava. Medo, medo , medo. Medo de perder em matemática, medo de ficar sozinha, medo de levar bronca da professora, medo de nunca ter um namorado. Medo de não ter peitos.
Uma adolescente estranha. Rock. Livros, livros,livros, livros. Querer ser escritora. Não! querer ser redatora. Livros, livros, livros. Festinhas esporádicas. Primeiro beijo. Primeiro namoro. Primeiro pé na bunda. Livros, livros,livros,livros, queria ser escritora.
Uma universitária com medo. Medo da cidade grande, de atravessar a rua. Medo da primeira vez, medo da segunda também. Medo de ninguem gostar dela. Uma universitária com dúvidas. Uma universitária aprendendo. Aprendendo a beber, aprendendo a amar, aprendendo a tomar cuidado com gente que mente. Uma universitária aprendendo a ser uma comunicóloga.
Uma recém formada com medo de não ter emprego. Uma recém formada com medo do próprio emprego. Uma recém formada aprendendo na prática. Uma recém formada engolindo os primeiros sapos. Uma recém formada que ainda quer ser escritora. Ainda quer ser redatora.
Uma produtora novata. Uma produtora novata cheia de planos, cheia de idéias. Quer ser redatora. Quer ser escritora. Uma produtora novata cheia de medos. De medos dos prazos, de medo de não lembrar de jogar fora o lixo de casa. Uma produtora novata de casa nova. Uma produtora novata que quer ter um futuro bonito. Não quer ser mais novata. Que quer estabilidade. Que quer um porto. Que quer um mundo de coisa.
Uma Erika Cotrim. Cheia de defeitos. Que faz cara de durona quando fica brava, que se fecha pro mundo por medo de ser rejeitada. Que não admite que erra feio. Que tem vontade e tanta vontade  de ser a melhor do mundo pra tudo. Uma Erika Cotrim complicada. Que parece que tem dúvidas, mas que usa isso como desculpa pra não encarar o que já sabe. Uma Erika Cotrim medrosa. Que tem medo de magoar e ser magoada. Uma Erika Cotrim que fere com as piores palavras quando quer se proteger. Uma Erika Cotrim que é cheia de qualidades também. Uma Erika Cotrim que não é modesta a ponto de não dizer que sua principal qualidade é ser leal aos seus amigos. De matar e morrer por quem ama. Uma Erika Cotrim que é impulsiva e que só é assim, ela, desse jeito que ela gosta de ser por causa dessa impulsividade de que tanto reclama. Vinte três anos. Quase 24. Em um ano acho que comecei a aprender quem eu sou, porque sou e quem eu vou ser. Ah, se eu vou!
"Eu quero velhos panos
Cores mil
Porque pra cima de "moi"
Só confecções
Porque o corpo mesmo
Está por dentro da pele
E por uma descoberta
Eu sou nua em cima da parede a rua"





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